segunda-feira, 4 de novembro de 2019

UM POETA --- UM DESTINO --- UMA PÁTRIA

Luís Vaz de Camões



“Esta é a ditosa PÁTRIA minha amada…”
 O voto cumpriu-se: morreu na Pátria, a que tanto e tão longe fora servir. Passaram-se mais   de quatrocentos anos. A memória dos homens pouco pôde guardar daquela vida que se queimou na aventura e no estudo, no amor e na desgraça.

Mas os seus versos aí estão, e nos versos está o homem, o homem que não é só ele mesmo, que ficou para nós como símbolo, imagem de Portugal vivo – Portugal feito homem para que pudéssemos 
amá-lo melhor.

Estudante em Coimbra, boémio em Lisboa, soldado em África e no Oriente, cristão fervoroso e artista requintado – enamorado do Céu e da Terra… 

Aí temos o génio português na sua mais alta expressão, condensado na obra de um poeta; aí temos o destino português, resumido na obra dum Homem.

O vento da aventura que ainda soprava em Portugal no século XVI levou Luís de Camões para fora da Corte, para as terras de África onde se bateu contra os infiéis, para as Índias remotas onde amou e sofreu.

E de todas as ausências, e de todas as partidas que ele viveu concretamente, ficou nos seus versos o travo de uma saudade que não se apaga:


“Já a vista pouco a pouco se desterra
Daqueles pátrios montes que ficavam.
Ficavam o claro Tejo e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam.
Ficava-nos também, na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam
E já depois que toda se escondeu
Não vimos mais enfim que mar e céu”


Mas nem a dor da ausência detém uma inquietação profunda que trabalha. A saudade o que é, no fundo, senão “a febre de além” de que fala outro poeta?

Muitas vezes, ao longo da história portuguesa e da biografia de Camões, essa INQUIETAÇÃO FOI O ESTÍMULO DE UMA ACÇÃO HERÓICA, a força que moveu as espadas em todas as loucuras de valentia, o vento que soprou as velas de todas as descobertas.

Os seus versos continuam hoje a fazer história e a apontar caminhos. Foi um dos que firmaram com sangue o destino de Portugal e a sua voz retumbe para além dos séculos, com convicção e incitamento.

A sua vida foi a imagem condensada do destino português: na saudade, na insatisfação que nada acalma, no amor da glória e da luta, e, sobretudo, na vocação irresistível de SER PORTUGUÊS!
Pelo mundo, aos pedaços repartiu a portugalidade. Retalhando-se, continuou inteiro, fundindo-se imprimiu carácter nos que participavam na fusão… Outro poeta diria: A minha Pátria é a minha Língua!

É esta PÁTRIA gloriosa hoje vilipendiada e mal amada… contudo, as suas fronteiras não se podem nem se DEVEM traçar numa linha ininterrupta, Pátria que vive e ama e fala PORTUGUÊS nos cinco continentes do mundo.

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