segunda-feira, 25 de novembro de 2019

OPINIÃO QUEIROZIANA

 Eça de Queiroz



 « A Inevitabilidade das Revoluções »


As revoluções não são factos que se aplaudam ou que se condenem. 

Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluções do Sol. São factos fatais. Têm de vir. De cada vez que vêm é sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade. 

Decerto que os horrores da revolução são medonhos, decerto que tudo o que é vital nas sociedades, a família, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana. 

Mas as misérias que se sofrem com as opressões, com os maus regímens, com as tiranias, são maiores ainda. 

As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, é uma coisa horrível; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, é pior ainda. 

As desgraças das revoluções são dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos são dolorosas infâmias.




Eça de Queirós, in 'Distrito de Évora'

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