Temos
um medo terrível de nos mostrarmos humanos, com as nossas fragilidades,
mas não só é libertador, como pedagógico.
Todos usamos defesas, mas
quando se tornam tão fortes que nos escudamos em seres que não somos, é
um oxigénio artificial que respiramos, é uma outra vida que vivemos, e
são muitas as fontes de desencanto e anemia, de desconsolo e ansiedade,
de frustração e dor.
Não se trata das defesas comuns para tapar
fragilidades, mas daquelas que não nos permitem revelar a
nossa própria condição. A ideia de sermos o super homem, quer com um
riso constante onde nada nos parece afectar, quer massajando
constantemente o ego e preferindo engolir a partilhar, corresponde à
imagem adolescente da imortalidade e invencibilidade.
De nada valemos se
não formos pessoas autênticas. Mesmo nos aspectos mais desonrados.
Precisamos de nos desconstruir para sermos em plenitude.
Tenho
muito mais identificação e à vontade interior com os desnudos da vida,
os feridos e os envergonhados, (não confundir com coitadinhos ou com os
que se vitimizam ou com os que continuamente se lamentam numa espécie de
reclamação ao contrário), do que com os fortalhaços sociais.
Só a
humildade do despojamento do ego e do abraço de alma, nos solta a
confissão de quem somos, em lágrimas que, talvez por isso, não
precisaram de chorar, até porque uma pessoa continuamente forte, segura e
feliz, algures perdeu a noção de quem é, na imagem que forçadamente
quer dar de si...
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