quinta-feira, 28 de novembro de 2019

UM POLÍCIA À SÉRIA. COMOVEU-ME!

Pai com a filha em risco de vida no Hospital faz agradecimento comovente à PSP


A Polícia de Segurança Pública partilhou nas redes sociais um testemunho comovente partilhado por Vítor Martins Romão, um pai que viveu verdadeiros momentos de aflição, mas que, felizmente, encontrou um agente da PSP pelo caminho que o ajudou. 
 
“Antes de mais, a minha guerreira continua a lutar de forma brava. 24h depois da cirurgia.

Ontem, quando estava a regressar a Lisboa, vindo de uma rápida ida a Grândola, recebi uma chamada da Renata, aflitíssima, porque lhe tinham ligado do Hospital de Santa Maria a solicitar presença urgentíssima de um de nós.

Faltava assinar o termo de consentimento, para o procedimento anestésico da Margarida, e ela encontrava-se no bloco operatório em espera, para a tão urgente e vital cirurgia.

Escusado será dizer que, após ligar os 4 piscas, a minha condução passou para o modo WRC, na versão Pai Aflito.

Tenho esperança, de não ter colocado em perigo os condutores que apanhei, mas talvez ???? tenha feito por queimar pontos para 2 cartas de condução.

Algures na cidade, quando olhei pelo retrovisor, tinha uma moto da PSP a mandar encostar.

Assim fiz.

O agente dirigiu-se e após continência, pediu-me os documentos e perguntou o porquê da marcha de urgência e do tipo de condução.

Ao que respondi, que tinha uma filha à espera num bloco operatório de Sta. Maria, e que ele tinha 2 opções: ou me prendia já, ou eu ia seguir e na mesma condução.

Obviamente, não estava o mais sereno, e as lágrimas correram-me, num misto de aflição e nervoso.

Calmo. Sem sequer tirar o capacete, nem pegar na carteira dos documentos, que lhe estava a dar, apenas me disse: “respire fundo, acalme-se o que lhe seja possível e siga-me”.

Saiu em direcção à mota e escoltou-me até Santa Maria.

Em frente ao portão principal, voltou a fazer continência e seguiu.

Fiquei sem palavras.

Nem nome, nem cara, sequer.

Apenas o senhor polícia da mota.

Talvez fosse isso mesmo que ele quis dizer. Ele foi apenas a Polícia. Foi apenas a instituição que representa. E eu e a minha filha, os cidadãos que ele jurou defender.

E existem muitas formas de defender.

Algumas nem vêm nos cânones, outras vêm nos cânones e são humanamente infringidas.

Obrigado senhor polícia, em nome, da minha família, do meu País, que tanto precisa. Jamais o esqueceremos.

Nota: numa sociedade que nunca será perfeita, mas que devemos sempre lutar para que seja, prefiro tolerar uma falha dos bons a ajudar os bons, do que penalizar uma falha dos bons a lutar contra os maus.

É só.”

O testemunho já se tornou viral na página oficial de Facebook da Polícia de Segurança Pública, tendo já recebido mais de seis mil partilhas.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

TÉCNICA INFALÍVEL P/OBTER AJUDA POLICIAL

Ferramenta alegadamente 'aceite' em assaltos,
mas não como defesa de cidadãos
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Qualquer relação... é mera coincidência
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Um benévolo' recuperador' de delinquentes em liberdade


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Um "O.V.N.I." na douta opinião de legisladores e magistrados


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COMO CHAMAR A POLÍCIA EM PORTUGAL

Para utilizar em caso de necessidade, sabe-se lá se um dia vos acontece!
APRENDAM...
Tem um sono muito leve e numa noite destas, notou que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantou-se em silêncio e ficou acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do quarto.
 
Como a casa é muito segura, com alarme, grades nas janelas e trancas internas nas portas, não ficou muito preocupado, mas era claro que não ia deixar um ladrão ali vagueando tranquilamente.

Ligou baixinho para a polícia, informou sobre a situação e o endereço.
Perguntaram-lhe se o ladrão estava armado, ou se já estava no interior da casa.

Esclareceu que não, e disseram-lhe que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém logo que fosse possível (...)

Um minuto depois, ligou-se de novo e foi dito com voz calma:

«Eu liguei há pouco, porque tinha alguém no meu quintal. Não precisam mais de ter pressa, porque eu já matei o ladrão com um tiro de pistola de calibre 9 mm que tenho guardada cá em casa já há anos, para estas situações.
O tiro fez um estrago danado no pobre diabo!»

Passados menos de três minutos, estavam na rua cinco carros da polícia, um carro do INEM, uma unidade de resgate, duas equipas da TVI, uma da SIC e um representante duma entidade de direitos humanos.

Prenderam o ladrão em flagrante, que ficou boquiaberto a olhar tudo o que se estava a passar, com cara de parvo.
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Talvez ele estivesse a pensar que aquela era a casa do Director Nacional da PSP, ou de algum Ministro...!

No meio do tumulto, o Comissário encarregue desta operação aproximou-se e disse:
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- Pensei que tivesse dito que tinha morto o ladrão !!!
Respondeu-se:

- Pensámos que tivesse dito, que não havia nenhuma viatura disponível!

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

OPINIÃO QUEIROZIANA

 Eça de Queiroz



 « A Inevitabilidade das Revoluções »


As revoluções não são factos que se aplaudam ou que se condenem. 

Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluções do Sol. São factos fatais. Têm de vir. De cada vez que vêm é sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade. 

Decerto que os horrores da revolução são medonhos, decerto que tudo o que é vital nas sociedades, a família, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana. 

Mas as misérias que se sofrem com as opressões, com os maus regímens, com as tiranias, são maiores ainda. 

As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, é uma coisa horrível; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, é pior ainda. 

As desgraças das revoluções são dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos são dolorosas infâmias.




Eça de Queirós, in 'Distrito de Évora'

sábado, 23 de novembro de 2019

O ÚLTIMO CAVALO SELVAGEM

Pintura rupestre numa gruta da Ásia, representando a espécie cavalar a que milhares de anos depois se denominou " Przewalski "

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Coronel Russo Nicolai Przewalski (1839 - 1888) que descobriu esta 'nova' espécie de cavalos em 1881 nas suas explorações pela Mongólia e Noroeste da China. Estes animais foram perseguidos pela actividade da Caça devido à qualidade da sua carne, não tendo sido nunca utilizados como animais de sela, ou de tracção, devido à sua 'personalidade' indomável
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Exemplares da raça cavalar "Przewalski "
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..Um Amor que vem da Pré-História

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O cavalo-de-Przewalski, descrito em 1879 pelo coronel Przewalski na sua viagem de regressa da Mongólia, pertence à família dos equídeos que também englobam as zebras e os burros selvagens.
 
Ao contrário de outros cavalos como os Mustang (nascidos como animais domésticos e depois voltados ao seu estado selvagem), estes nunca foram domesticados.

Este pormenor faz com que esta espécie de cavalos seja reconhecida como a única espécie selvagem no mundo.

Há milhares de anos, esta espécie de cavalos corriam livremente nas zonas da Ásia Central e da Europa (como demonstram as pinturas famosas e rupestres do sul da França e do norte de Espanha).

Já há muitos anos que este cavalo não se encontra em liberdade em nenhuma zona da Europa. Os últimos foram observados nos anos 70 em Dzungaria (Mongólia).

As organizações internacionais de conservação da Natureza consideram o cavalo-de-Przewalski como uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Graças a estas associações, a espécie pôde ser salva da extinção. Mas, actualmente, infelizmente, não encontramos nenhum exemplar sem ser em cativeiro.

Este modo de vida põe em grave perigo o futuro desta espécie de cavalos. Por isso, estão a ser elaborados planos de reintegração desta espécie para que possam estar em liberdade, principalmente na Mongólia e na China, apesar de estes projectos serem difíceis de realizar e demorarem muito tempo a serem iniciados.

O cavalo-de-Przewalski difere geneticamente do cavalo domesticado porque tem sessenta e seis cromossomas e não sessenta e quatro. A sua aparência revela vários detalhes “primitivos”: 

- Uma cabeça grande (que não está proporcionada ao resto do corpo), os seus olhos estão colocados em altura, as suas orelhas são largas, um pescoço espesso e um corpo compacto onde se destacam as patas, que são proporcionalmente mais curtas.

Ninguém conseguiu alguma vez montá-lo ou domá-lo.

O cavalo-de-Przewalski é capaz de sobreviver com pequenas rações e pode aguentar temperaturas muito quentes e muito frias.

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Entretanto, no programa orientado para impedir a sua extinção, Portugal acolheu quatro cavalos selvagens que seguiram para o Alentejo, com destino à coudelaria de Alter do Chão.
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Vieram da China e da Inglaterra. A 'Suzannah' é uma égua de 17 anos. O 'Desejado' é seu filho e nasceu o ano passado. O 'Brasão' é o outro selvagem do reduzido grupo de Alter.
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O grupo que inicialmente foi colocado no Alentejo incluía as fêmeas 'Suzannah', 'Mo', 'Virgínia' e o macho 'Sirano'.
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Desse grupo restam 'Suzannah' e 'Sirano'. Nestes dez anos em Portugal nasceram dez crias, incluindo dois nado-mortos. Uns morreram. Outros foram conduzidos para Espanha.
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A vinda para o nosso país fez-se ao abrigo do Programa Europeu de Reprodução, conduzido pela Associação Europeia de Jardins Zoológicos e Aquários.
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A coudelaria de Alter do Chão candidatou-se a participar nesse programa com vista a perpetuar a espécie de "Przewalski". No entanto, os quatro cavalos selvagens vivem no Alentejo, mas não se sabe até quando porque, a reprodução não correu como se desejava e como era lícito supor.
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Isto significa que, estes cavalos tendem também a desaparecer do território português (...)
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Diz-se que o antepassado selvagem dos actuais cavalos domésticos pertenceram, exactamente, à família dos "Przewalski" e foram declarados extintos no decorrer do Século XIX.
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O último - que estava em cativeiro -, morreu em 1909 num jardim zoológico da Rússia.
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Apesar de todas as dificuldades que este animais atravessaram ao longo dos milénios, incluíndo as perseguições dos depredadores da caça, estes heróicos animais conseguiram chegar aos nossos dias como passagem do testemunho dos homens do Paleolítico que nos transmitiram por via da Arte - Pinturas Rupestres -, a existência destes seres cheios de dignidade... que nunca se deixaram dominar por ninguém (...)






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"OBRIGADO"

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

SOLDADERAS: LAS MUJERES QUE TOMARAM ARMAS Y COMBATIERON EM LA REVOLUCIÓN MEXICANA


[LLEGARAN A TENER HASTA 300 PERSONAS BAJO SU MANDO EN EL CAMPO DE BATALLA]

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Las mujeres de la Revolución Mexicana (Foto: Flickr)
Las mujeres de la Revolución Mexicana (Foto: Flickr)
Con grandes faldas, inmensos sombreros de paja y carrilleras con balas cruzadas en el pecho, decenas de mujeres dejaron sus hogares y se armaron para unirse a la Revolución Mexicana.  

Algo que parecía impensable para la época, ya que en 1910, en todo el mundo tenían poca participación política: no podían votar, enrolarse en las fuerzas armadas y se les había impuesto que debían dedicarse al hogar.

Pero “Las Soldaderas” o “Adelitas” decidieron desacatar las normas sociales que las tenían atadas a las labores domésticas y salir a luchar por sus derechos y un cambio en el gobierno del país. Carmen Parra, Juana Gutiérrez de Mendoza y “La China” fueron tres de las participantes más reconocidas. No sólo se unieron al movimiento, también se convirtieron en coronelas que tenían gente a su cargo, según el Instituto Nacional de las Mujeres (INMUJERES).

La primera de ellas nació en 1885 y se incorporó a las filas de Gustavo I. Madero en 1910, cuando estalló la Revolución. Al inicio se encargó de llevar los comunicados del político a la Junta de Bustillos en Chihuahua. Un año después, participó en los combates de la entidad y en una campaña contra la rebelión orozquista de 1912. 

Desde entonces se dedicó a las armas en distintos grupos: el de Francisco Villa, Victoriano Huerta y la Cruz Azul. Llegó a tener a 300 hombres bajo su mando.


(Foto: Wikipedia)


(Foto: Wikipedia)
En 1915 fue detenida en Veracruz cuando llevaba documentos de Emiliano Zapata a Gildardo Magaña, personajes destacados de la Revolución. La liberaron por órdenes de Cándido Aguilar, y después se sumó a las filas de los constitucionalistas, contra las que antes había luchado. Falleció el 18 de diciembre de 1941 a los 56 años.

Juana Belén también fue una líder de la Revolución que durante toda su vida peleó por sus ideales. Nació el 27 de enero de 1875 en San Juan del Río, Durango. Desde 1897 se convirtió en colaboradora de El Dario del Hogar y El Hijo del Ahuizote, periódicos opositores de Porfirio Díaz. Durante este tiempo fue encarcelada dos veces por sus escritos.
En 1901, cuando se formó el Congreso Liberal en San Luis Potosí, se convirtió en su defensora. Fundó el periódico el Vésper en Guanajuato, a través del cuál difundió sus ideas. Se convirtió en la primera mujer en crear y dirigir un medio de comunicación. Fue perseguida y detenida, hasta que en 1909 fundó el Club Político Femenil Amigas del Pueblo y el Club Hijas de Cuauhtémoc, quienes lucharon, principalmente, por el voto de las mujeres. Pero fue perseguida. Tuvo que cerrar dos veces su diario y huir a Estados Unidos un tiempo.


(Foto: Flickr)
(Foto: Flickr)
Antes de la Revolución regresó y participó en la redacción del Plan de Ayala. Fue nombrada coronela por Emiliano Zapata. Cuando el conflicto armado terminó, se decepcionó del Maderismo y continuó con el activismo, pero lejos de esta corriente.
“La China” es el personaje más enigmático de los tres, pues se desconoce su nombre real y origen. Solamente se dice que formó un batallón con viudas, hijas y hermanas de los combatientes muertos. Su labor ha sido contada de generación en generación.

Este 20 de noviembre se conmemoran 109 años de la Revolución Mexicana. En la Ciudad de México se realizará un desfile de dos mil 700 jinetes y la locomotora Petra. Partirá del Zócalo, pasará por Reforma y concluirá en el Monumento a la Revolución.
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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

DE JERUSALÉM A MATOSINHOS [Lenda]

Há muitos, muitos anos, quando apenas tinham passado uns quarenta anos depois da morte de Cristo, um jovem romano das terras da MAIA, de nome Caio Carpo Palantiano, cumpria os rituais da festa do seu noivado.
 
Era costume, nesse tempo, o noivo, antes de se ligar à sua amada, ir a cavalo pelo mar dentro com as vestes de guerreiro, talvez como forma de purificação ou gosto de exibir a valentia diante dos amigos e da noiva.
Mas aconteceu o inesperado. Porventura, ferido por algum pressentimento o cavalo de Caio arrasta o noivo para longe da praia. Entre os convidados alastra o medo. Espera-se o pior. O jovem será engolido pelas ondas revoltas. Mas não! Como que possuído de asas ou força misteriosa, o cavalo conduz o jovem até junto de uma nau que passa no horizonte. São os discípulos de São Tiago que levam o corpo do apóstolo, martirizado em Jerusalém. Vão a caminho de um refúgio na Galiza.
 
Perante o sucedido, aqueles homens interrompem o recolhimento em que iam. Com surpresa e alegria recebem o cavaleiro. Depressa entendem que é um milagre do apóstolo, um sinal de Deus. Ali mesmo Caio Palantiano recebe o baptismo na fé cristã.
 
De regresso à praia, o noivo parece um outro. Todo ele é um reflexo do fogo interior. E o seu corpo não vem molhado, mas apenas matisadinho de conchas, o que deu muita alegria àqueles que o esperavam. 
 
Maravilhados, também  eles receberam o dom da fé. E ao pequeno rio que perto desagua, chamaram-lhe LAETITIA, isto é, alegria, e que hoje tem o nome de LEÇA, enquanto o lugar ficou a chamar-se Matisadinho e que hoje, conhecemos como MATOSINHOS.
Entretanto, muito longe daqui, em Jerusalém, continuava a perseguição aos cristãos. Havia um que se chamava Nicodemos e que era escultor. Em madeira esculpia a imagem do Senhor Jesus. E, para não ver a sua obra piedosa destruída ou consumida pela fogueira dos perseguidores, atirou-a ao mar. Assim, as calmas águas do Mediterrâneo a levariam a paragens seguras.
 
E facto curioso, aonde é que a imagem foi encontrar abrigo, depois de tanto tempo à deriva no mar? Na praia do Matisadinho.
 
O povo que havia aderido à fé cristã, começou a venerá-la. Era muito bela mas vinha incompleta. O escultor, com a pressa de a querer livrar do fogo, não lhe fez um dos braços. 
 
Incapaz de desistir, mesmo na prisão, Nicodemos esculpiu o braço que faltava. Em segredo pediu a um amigo que o lançasse ao mar dizendo:
 
- Braço, vai unir-te ao corpo a que pertences.
 
Decorriam anos e a imagem do Bom Jesus era venerada sem um braço. Por mais braços que se fizessem, nenhum servia.
 
Até que um dia, uma pobre, andando pela praia de Matisadinho a apanhar algas secas para o lume, viu um pedaço de madeira e levou-o para casa. À noite, quando acendeu o lume, deitou nele o que trouxera da praia. Mas aquele pedaço de madeira saltou fora.
 
Então a filha, muda de nascença, ao ver o sucedido, falou pela primeira vez:
 
- Mãe, não queime esse pedacinho de madeira, porque é o braço que falta ao Senhor Bom Jesus.
 
E logo a notícia correu veloz. Não havia dúvida. O braço unia perfeitamente à imagem, tal e qual, como se dela nunca tivesse saído.
 
E deste milagre que levou muitos anos a acontecer, porque a vontade de Deus não é igual à dos homens, nasceu a festa do SENHOR DE MATOSINHOS.
 

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

ALBERTO RIBEIRO SOARES, Dixit . Coronel Aposentado do Exército



A IGREJA EM PORTUGAL E O PÉ EM QUE TUDO ESTÁ

UM LIVRO POLÉMICO NO MERCADO

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O ESTADO E A IGREJA EM PORTUGAL NO INÍCIO DO SÉCULO XX

(A Lei da Separação de 1911)

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Editora Principia
Autoria de: João Seabra
Tema: Ciências Sociais e Humanas


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"O Estado e a Igreja em Portugal no início do século XX" é uma obra polémica que a Editora Principia lançou no mercado.
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Numa abrangente visão sobre as relações entre o Estado e a Igreja, seus antecedentes e consequentes, o Padre João Seabra presenteia-nos com um trabalho erudito e sério, pleno de pormenores, sobre a época e as personagens que fizeram a nossa História, nomeadamente no dealbar do século XIX e princípio do século XX.
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Consequência da sua tese de Doutoramento apresentada na Pontífica Universidade Urbaniana, o autor conduz-nos a uma análise profunda e completa da Lei da Separação do Estado e das Igrejas, promulgada em 20 de Abril de 1911.
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É sem dúvida uma obra de forte cariz pedagógico, formativo e indispensável à compreensão da História, pois contribui para um conhecimento mais completo, claro e abrangente de todo um período que, por vicissitudes inerentes, ainda se mantém envolto em preconceitos políticos.
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Investigação minuciosa e profunda com um estilo polémico e pleno de humor; nela perpassa um constante apelo ao reconhecimento duma verdade, por vezes, ignorada, escondida ou maltratada, sobre a questão religiosa da Primeira República.
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A essência deste trabalho manifesta-nos uma realidade, em que os verdadeiros precursores da separação da Igreja e do Estado não foram Afonso Costa e o movimento republicano mas sim o Episcopado e o Clero de Portugal, pela posição que assumiram de independência e não sujeição da Igreja à ingerência do Estado.
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Este livro é, sem dúvida, uma revolução na tese que apresenta, surgindo num momento oportuno e não deixando de ser actual na medida em que, face às circunstâncias presentes, também nos urge uma nova e reforçada militância na reposição das verdades que não pactuam com ideologias laicas - à revelia do Povo que se manifesta em sentido contrário -, demagógicas, acaloradas e de carácter persecutório dos valores que sustentam o Trabalho, a Família e a Pátria.
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Esta trilogia nada tem a ver com os chavões do passado negativo que já se viveu em Portugal, e talvez sejam os ingredientes da massa que há-de cozer o pão que Portugal precisa para se alimentar.
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Por mais que se queira enfiar a cabeça no chão para não ver, o povo é crente; e será crime tentar edificar muros que lhe tolham a liberdade religiosa com preconceitos políticos!
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O Trabalho que andam a sonegar - com o desemprego desenfreado -, com manifestos prejuízos da estabilidade da Família, e a destruição do ideal da Pátria... há-de fazer correr rios de sangue de muitos inocentes!... Mas podem os responsáveis ter a certeza, que neles se afogarão.


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( ... )

terça-feira, 19 de novembro de 2019

ARARAS: ESPÉCIE EM VIAS DE EXTINÇÃO





Conhecidas pela sua plumagem exuberante e pela docilidade enquanto animais de estimação, as araras fazem parte da espécie Psittacidae.

Estas aves trepadoras, que podem atingir  os 85 centímetros de tamanho, são originárias de continentes como a América do Sul e África, onde são encontradas as maiores e as mais coloridas.

Existem 18 espécies deste animal, todas com bico forte e cauda comprida em forma de espada. É o bico forte que permite que elas escavem o tronco das árvores para se poderem alimentar das larvas dos insectos. Os ninhos são, normalmente, encontrados em troncos ocos de árvores como a palmeira, ou mesmo no alto das árvores, mas também aproveitam buracos em paredões rochosos para pôr os ovos. O ninho abriga apenas uma parte do corpo, ficando a cauda exposta à vista, tornando fácil a sua localização.



BURACO   DAS   ARARAS
MATO  GROSSO  -  BRASIL


A época da reprodução começa na Primavera, quando as araras põem os ovos e esperam depois 24 a 28 dias para a incubação. Quem cuida de garantir a alimentação, frutas, sementes, coquinhos, larvas e rebentos de árvores,  é o macho.

A plumagem das crias surge após três ou quatro meses e atingem a maturidade aos seis meses, sendo já consideradas aves adultas por essa altura. Voam curtas distâncias, mas locomovem-se muito bem entre as árvores, devido ao formato das patas e do bico em forma de gancho.

Menos dotadas do que os papagaios, as araras não conseguem imitar bem os sons dos outros animais nem a linguagem humana de uma maneira muito fiel, sendo apenas capazes de aprender algumas palavras isoladas.

Símbolos de riqueza e prosperidade desde o século XVI as araras continuam a ser procuradas como animais de estimação. A sua capacidade de adaptação ao ambiente humano e a sua semelhança, em termos de hábitos, com animais de companhia tão comuns como o cão e o gato, fazem dela uma atracção para os que querem ter um animal doméstico exótico!

Porém, a contínua caça destes animais e a devastação do seu habitat natural faz com que seja, neste momento, uma espécie em vias de extinção.

Estão a ser desenvolvidos esforços pelas autoridades responsáveis pela preservação da fauna nos países de origem deste animal, para travar esta deplorável tendência.

Para alertar este fenómeno, a indústria cinematográfica de Hollywood estreou em Abril de 2011, um filme de animação em três dimensões com o título " RIO ".


ARARA  AZUL



A personagem principal, Blue, é uma arara azul que é levada de volta ao Rio de Janeiro - seu local de origem - para acasalar com a última fêmea da espécie.

O tráfico de aves, motivo que leva à extinção de espécies como a arara, é retratado de maneira a sensibilizar o espectador para esta realidade.

São também evidenciados na película os esforços combinados de governo e de organizações dedicadas à protecção da vida animal, para resgatar estas espécies e impedir que desapareçam.

Enfim... chegámos ao ponto de ter de pedir, por favor, que não destruam a natureza e não extingam as espécies animais, enriquecendo à custa de os caçar e aprisionar até aos limites em que a natureza já não consegue regenerar-se.

Chegámos ao cúmulo de termos de fazer filmes de desenhos animados  para sensibilizar as consciências, ditas humanas, como se o Homem fosse  o que afinal é: um ser inconsciente!

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A ORIGEM DO SÍMBOLO @





« O que significa @ no e-mail?

Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam o seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Assim, surgiu o til (~), para substituir o m ou n que nasalizava a vogal anterior. Se reparar bem, você verá que o til é um enezinho sobre a letra.

O nome espanhol Francisco, também grafado Phrancisco, foi abreviado para Phco e Pco (?), o que explica, em Espanhol, o apelido Paco.

Ao citarem os santos, os copistas identificavam-nos por algum detalhe significativo das suas vidas. O nome de São José, por exemplo, aparecia seguido de Jesus Christi Pater Putativus, ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adoptar a abreviatura JHS PP, e depois simplesmente PP. A pronúncia dessas letras em sequência explica por que José, em Espanhol, tem o apelido de Pepe.

Já para substituir a palavra latina et (e), eles criaram um símbolo que resulta do entrelaçamento dessas duas letras: o &, popularmente conhecido como "e" comercial, em Português, e, ampersand, em Inglês, junção de and (e, em Inglês), per se (por si, em Latim) e and.

E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo @, para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de casa de.

Foram-se os copistas, veio a imprensa - mas os símbolos @ e & continuaram firmes nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registo contábil 10@£3 significava 10 unidades ao preço de 3 libras, cada uma. Nessa época, o símbolo @ significava, em Inglês, at (a ou em).

No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contáveis dos ingleses. E, como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo @ (a ou em), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso contribuíram duas coincidências:

1 - a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cuja inicial lembra a forma do símbolo;

2 - os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo @ passou a ser usado por eles para designar a arroba.

O termo arroba vem da palavra árabe arruba, que significa a quarta parte: uma arroba (~15 kg, em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe, o quintar, que originou o vocábulo português quintal, medida de peso que equivale a 58,75 kg.

As máquinas de escrever, que começaram a ser comercializadas na sua forma definitiva há dois séculos, mais precisamente em 1874, nos Estados Unidos (Mark Twain foi o primeiro autor a apresentar os seus originais dactilografados), trouxeram no seu teclado o símbolo @, mantido no do seu sucessor - o computador.

Então, em 1972, ao criar o programa de correio electrónico (o e-mail), Roy Tomlinson usou o símbolo @ (at), disponível no teclado dessa máquina, entre o nome do usuário e o nome do provedor. E foi assim que Fulano@Provedor X ficou significando Fulano no provedor X.

Na maioria dos idiomas, o símbolo @ recebeu o nome de alguma coisa parecida com a sua forma: em Italiano, chiocciola (caracol); em Sueco, snabel (tromba de elefante); em Holandês, apestaart (rabo de macaco).

Em alguns, tem o nome de certo doce de forma circular: shtrudel, em iídisch; strudel, em alemão; pretzel, em vários outros idiomas europeus.

No nosso, manteve a sua denominação original: arroba. »

[Autor desconhecido]






domingo, 17 de novembro de 2019

SONHEI ISTO AGORA, À SECRETÁRIA NUM BREVE COCHILO


 
 
 
Temos um medo terrível de nos mostrarmos humanos, com as nossas fragilidades, mas não só é libertador, como pedagógico. 
 
Todos usamos defesas, mas quando se tornam tão fortes que nos escudamos em seres que não somos, é um oxigénio artificial que respiramos, é uma outra vida que vivemos, e são muitas as fontes de desencanto e anemia, de desconsolo e ansiedade, de frustração e dor. 
 
Não se trata das defesas comuns para tapar fragilidades, mas daquelas que não nos permitem revelar a nossa própria condição. A ideia de sermos o super homem, quer com um riso constante onde nada nos parece afectar, quer massajando constantemente o ego e preferindo engolir a partilhar, corresponde à imagem adolescente da imortalidade e invencibilidade. 
 
De nada valemos se não formos pessoas autênticas. Mesmo nos aspectos mais desonrados. Precisamos de nos desconstruir para sermos em plenitude.
 
Tenho muito mais identificação e à vontade interior com os desnudos da vida, os feridos e os envergonhados, (não confundir com coitadinhos ou com os que se vitimizam ou com os que continuamente se lamentam numa espécie de reclamação ao contrário), do que com os fortalhaços sociais. 
 
Só a humildade do despojamento do ego e do abraço de alma, nos solta a confissão de quem somos, em lágrimas que, talvez por isso, não precisaram de chorar, até porque uma pessoa continuamente forte, segura e feliz, algures perdeu a noção de quem é, na imagem que forçadamente quer dar de si...

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

VÃO CELEBRAR-SE OS 72 ANOS DO CASAMENTO DA RAINHA ISABEL II




                                                                
 
Quando o Big Ben deu as 11 e meia, a princesa Isabel de Inglaterra chegou à porta ocidental da Abadia de Westminster - onde milhares de pessoas aguardaram a chegada do cortejo - numa pontualidade absolutamente britânica.
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Foi sob as majestosas abóbadas de Westminster, em Londres, na presença de reis e de príncipes de toda a Europa, que se celebrou no dia 20 de Novembro de 1947, o casamento da princesa Isabel, herdeira da Coroa de Inglaterra.


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Romance de amor, que teve a sua dourada apoteose no altar rebrilhante de luzes, não faltou, sequer, aos reis protagonistas desta autêntica história de príncipes encantados, o fervor da simpatia popular que em todo o mundo os envolveu, desde que se tornou pública a notícia do seu noivado.
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As flores atapetavam o percurso, desde a Abadia até Buckingham Palace e a multidão, deslumbrando-se, com o minuto supremo que lhes permitia ver os noivos, já casados, no coche nupcial, a caminho da felicidade, como que lhe lançava a sua benção. E Isabel e Filipe, emocionados, agradeciam...

A foto que encima o 'post' [da época] peca por não apresentar com fidelidade a simpatia radiante dos noivos, nem o deslumbrante vestido da noiva que, durante muitas semanas, foi guardado das vistas indiscretas, como um precioso tesouro.

Não fosse o povo julgar estar a viver um episódio sonhado de fantasia de estórias de encantar, a Certidão de casamento esteve patente ao público na Abadia, Sábado, Domingo e Segunda-feira, desde as 10 e 30 da manhã até às 6 horas da tarde. Depois do texto do registo, à esquerda, em cima, exibem-se as assinaturas dos noivos, da Rainha e do Rei.

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Os príncipes, já casados, passaram no coche nupcial a caminho de Buckingham... e da felicidade.
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A multidão londrina, para gozar este momento delicioso, comprimiu-se ao longo do Mall e arrostou com o frio e a humidade, passando a noite na rua.
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Mas o povo gostou, aguentando-se a pé firme, durante longas horas... e anos... até à actualidade, arrostando com o sustento desta família que se preparava para aumentar a despesa do Estado com os descendentes, que só têm dado dores de cabeça aos pais... e, aos, chamados, súbditos (...)

domingo, 10 de novembro de 2019

QUO VADIS, PORTUGAL?

Para onde vais... Portugal?
Depende de nós, não seguir o caminho
desta ilustração negativa

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A pergunta é pertinente e pode fazer-se em quase todas as línguas do Universo... [mesmo na língua morta do Latim, Quo Vadis... (para onde vais)]... Só o seu vocativo (Portugal) terá de ser mudado.
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Para onde vamos nesta onda avassaladora de mudanças que varre Portugal e vem na enxurrada dos mesmos males que assolam o Mundo?
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Voltando a perguntar: Para onde vais Portugal? Para a "Jangada de Pedra" que alguém imaginou ver naufragar? Para um mundo de trevas onde ninguém é alguém e somos todos súplicas?
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E não é ser pessimista ao olhar em frente e não ver luz ao fundo deste túnel onde se esconde a Face Oculta e muitas outras faces cada vez mais ocultas: a Corrupção, a Imoralidade e a Ambição desmedida, o Descontrolo Económico, que torna uns demasiado pobres e outros demasiado ricos, com um fosso entre ambos que será difícil ultrapassar se não depois de um maremoto que não deixe pedra sobre pedra?
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Onde estão as boas intenções duma União Europeia que só existe em acordos? Para onde foram as ilusões apregoadas no famoso Tratado de Lisboa? Não haverá o receio de ponderar se a imagem da ilustração desenhada, com Portugal a bater no fundo, não sairá do pesadelo de uma noite de sono agitado para se tornar numa angustiante realidade?



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Será que o colapso financeiro (e não só...) dos Estados Unidos da América eram previsíveis? Diz-se agora que sim, que já há muito vinha a mostrar a sua decadência moral, física e cívica, mas no seu deslumbramento em querer ser o espelho, polícia e condutor do Mundo, continuou até a bolha rebentar.
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E agora? Cada Nação apresenta a sua receita para medicar a epidemia que está a grassar no planeta. E serão essas receitas exequíveis se não houver um "dar as mãos"? Vê-se que é um objectivo cada vez mais difícil de alcançar e controlar, onde a união passa por questionar tudo e todos e ninguém se controla a si mesmo como é indispensável.
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Acusam-se os Governos dos males que agora afligem a Segurança Social, o bem-estar, a saúde dos povos que se tinham abrigado nos Serviços Nacionais de Saúde e que, ao abrigarem-se, muitos puxaram demasiado pela 'manta' e destaparam os pés e parte do corpo a descoberto. É que a maior parte dos que se 'abrigaram' não precisavam desse 'abrigo'. E foram aqueles que só têm no seu trabalho o pão de cada dia, que ficaram a 'descoberto' ... Ou todos julgavam que os serviços nacionais de saúde eram poços sem fundo, aos quais se recorreu para acudir a despesismos que nada tinham a ver com o fim a que se destinavam aqueles fundos?!
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Mas não é só a saúde que está doente... E o Ensino? E a Justiça? E quem julga? E a Economia? Estas são, para além de muitas outras, as perguntas que se vão fazendo por cá, no dia-a-dia, e a problemática não é de agora! Arrasta-se há décadas, com sucessivos responsáveis políticos a passarem a vida a assobiarem para o lado e a culparem as anteriores gestões que, por sua vez foram acusadas pelos que lhes sucederam!
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Este é o Portugal e o Mundo que temos e não gostaríamos de ter. É que a situação está a tornar-se muito perigosa, neste País em que acontece de bom (pouco) e de mau (muito)!
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E depois disto tudo, já não há que arrancar mais 'pensos' que tapam tantas feridas ocultas (...)
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Para onde vais, Portugal?
(QUO VADIS... Portugal?)

Talvez aqueça a alma recordar Fernando Pessoa, na Mensagem, no Poema que se segue. Portugal já passou por muitas situações de enorme preocupação e conseguiu sempre erguer-se de novo! Talvez as nossas preocupações actuais até nem sejam tão graves, como outras de outrora.


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N E V O E I R O

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Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

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Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
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É a Hora!

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Valete, Fratres



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Fernando Pessoa,
Mensagem III - Os Tempos
10-12-1928 - Quinto: Nevoeiro

A ÚLTIMA ESCRAVA MORREU EM LISBOA NOS ANOS 30



“Escravos de Portugal” reúne histórias de escravos. Portugal é pioneiro na abolição da escravatura, mas ela só acabaria, de facto, muito depois de 1761, diz o historiador Arlindo Manuel Caldeira.

Já Portugal era há muito uma república quando morreu, em Lisboa, a última escrava do império. Foi nos anos 30 do século passado. Os jornais da época diziam que teria 120 anos. Era muito conhecida no Bairro Alto, onde vendia amendoins. Tinha sido escrava até 1869, data em que foi publicado o decreto que abolia a escravatura em todo o território português.

Portugal foi o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos vindos de África. Entre 1450 e 1900, terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas. Apesar da mitologia histórica nacional gostar de exibir o galardão de primeiro país do mundo a abolir a escravatura, o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal não acabou, de facto, com os escravos.

A história da escravatura no império português só começou a ser estudada a sério depois do 25 de Abril.

Segundo o historiador Arlindo Manuel Caldeira, autor de “Escravos em Portugal - Das Origens ao Século XIX”, editado pela Esfera dos Livros, “o facto de termos vivido durante muito tempo sob um regime autoritário que se baseava num esforço de propaganda marginalizou estes aspectos e tornou-os muito difíceis de abordar. 

Não havia teses nas universidades e as que existiam tinham quase sempre efeitos laterais de propaganda – serviam mais para negar a realidade do que para a tentar compreender.”

Olhar para a realidade da escravatura do ponto das pessoas foi o objectivo do estudo agora publicado por este historiador. “Escravos em Portugal” reúne histórias de vítimas da escravatura. Entre elas estão as de Lourenço, marcado na testa pelo seu senhor com um ferro em brasa; a de João, que tinha ao pescoço uma argola de ferro com o nome do seu dono; e a de Florinda, chamada à Inquisição por recorrer a feitiços na esperança de abrandar as iras da sua ama.

“O escravo é normalmente apresentado como uma peça, um objecto. Eu quis apresentá-los como pessoas, seres vivos, o que não é fácil porque nem sempre as fontes que referem a escravatura têm este cuidado com as pessoas. Pelo contrário”.
GRÁCIA, CONDENADA PELO SEU PRÓPRIO ASSASSINATO

A história passa-se no século XVII, em Évora. Grácia, escrava pertencente a um despenseiro do Santo Ofício, era uma mulher fraca e, provavelmente, com problemas de saúde. Certo dia, o dono manda-a levar uns cestos de queijos a um almocreve que vinha para Lisboa. Grácia não aguenta o peso dos cestos, deixando-os cair. 

Como castigo, o despenseiro espanca-a com grande violência. A mulher regressa a casa, gritando "morro, morro". Acaba mesmo por morrer. A Inquisição decide, então, abrir um processo para justificar a morte, que acaba provando que a culpada era… a própria escrava. 

O padre encarregue do processo ainda lamenta não ter chegado mais cedo ao local do crime. "Conheço muito bem as manhas dos escravos” – diz ele nos autos – “eles fecham a boca para deixarem de respirar e morrerem. Se tivesse chegado mais cedo, chegava-lhe fogo à boca, ela era obrigada a respirar e não morria.
Para encontrar estas histórias de escravos, Arlindo Manuel Caldeira recorreu sobretudo aos processos judiciais. “ Os que têm mais informação são os processos da Inquisição, onde as perguntas são muito detalhadas e muito dirigidas ao quotidiano, o que os torna particularmente ricos”.
A escravatura não foi proibida em 1761

“Escravos em Portugal” vai desde as origens da escravatura até ao século XIX.

“Na verdade, em 1761, a escravatura não foi proibida, o que foi proibido foi a entrada de novos escravos. Isso não se traduziu no fim da escravatura, uma vez que, além dos escravos já existentes, havia também os que nasciam de mãe escrava e por isso continuavam escravos. Em 1763, o Marquês de Pombal aprovou uma nova lei, a lei do ventre livre, que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados. Teoricamente, restava apenas uma geração de escravidão, mas isso não aconteceu por razões fraudulentas: a entrada ilegal de escravos vindos das colónias.”

Com a independência com o Brasil, em 1822, regressam a Portugal muitos portugueses que trouxeram os escravos como um dos seus aforros.

Perante a lei, à chegada a Portugal deviam tornar-se livres, mas o rei concedeu aos seus donos um privilégio especial para os poderem manter.

Para Arlindo Caldeira, “a precocidade da decisão do Marquês tem sido muitas vezes usada como propaganda porque se partia apenas da realidade europeia, quando o que estava em causa era a abolição nas colónias”.

Mesmo assim, o historiador reconhece méritos ao primeiro-ministro de D. José I. “O Marquês era um ser muito complexo. Era um mercantilista, mas também um iluminista. Foi ele, por exemplo, que acabou com o estatuto do cristão-novo. Ele via que o escravo era um ser marginalizado e procurou integrá-lo na sociedade. Na Europa, o Marquês é um precursor. Portugal é um dos primeiros a abolir a entrada de escravos na Europa, mas também não podemos esquecer que somos quase dos últimos a abolir a escravatura nos territórios coloniais.”

Indemnizações?

Curiosamente, esta realidade não dá origem a grandes movimentos abolicionistas – os que surgem, surgem bastante tarde.
JOÃO DE SÁ, DE ESCRAVO A CAVALEIRO

O caso mais conhecido de ascensão social de um escravo aconteceu com um homem chamado João de Sá, que viveu na corte de D. João III. João de Sá tinha trabalhado nas cavalariças de um nobre próximo do rei e foi o seu dono que o recomendou para a corte. 

Como era muito “gracioso”, isto é, tinha um grande sentido de humor, tornou-se muito apreciado pelo rei que não só lhe deu alforria como também o hábito da Ordem Militar de Santiago, uma distinção bastante rara. É o único escravo nesta situação, uma situação realmente excepcional.
“Quando se começa a discutir – sobretudo por pressão inglesa – a restrição ao tráfego nas colónias, isso provoca grande resistência em Portugal. 
Só muito tarde é que surge uma corrente favorável à abolição da escravatura, contra os interesses instalados nas classes dirigentes, e a primeira medida a proibir a escravatura em todos os territórios sob administração portuguesa só é aprovada em 1869. Em Portugal continental já quase não havia escravos, mas nas colónias havia muitos e essa realidade manteve-se de forma encapotada como trabalho forçado, que é quase a mesma coisa, pelo século XX fora.”

A constatação desta realidade tem alimentado uma corrente que defende que os países africanos de onde era oriunda a maioria dos escravos deviam ser indemnizados.

Arlindo Caldeira discorda. “Não vejo nem fundamento nem viabilidade. Vitorino Magalhães Godinho dizia que a culpa não é hereditária. Mesmo o pedido de desculpas só se compreende do ponto de vista político. No caso de indemnização, como se iria calcular o valor de uma vida humana e quem devia receber a indemnização? A nossa obrigação é fazer tudo para evitar que se repitam os erros do passado”, argumenta.

“Indiferença” a um crime

Actualmente, a escravatura é um crime e isso faz toda a diferença. O que preocupa o historiador é a “indiferença” com que as notícias sobre este crime são recebidas pela opinião pública.
“Mais do que o crime é si, o que é grave é a indiferença com que se encaram situações que estão muito próximas da escravidão”, critica.

Apesar de parecer uma realidade longínqua, a escravatura continua a existir. Em Portugal, entre 2014 e 2015, o Observatório do Tráfico de Seres Humanos, do Ministério da Administração Interna, sinalizou 193 presumíveis escravos e deu conta de 40 condenações de traficantes. 

A organização não-governamental Walk Free Foundation calculava que, em 2016, viviam em todo o mundo 46 milhões de pessoas em regime de escravidão.

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