Para benfiquistas, sportinguistas e dragões, o seu clube de coração é, inquestionavelmente, sempre o maior, sejam quais forem os resultados desportivos ou o comportamento dos seus jogadores.
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Os
benfiquistas perdoam e aplaudem a rispidez de algumas entradas do atleta A. Os sportinguistas perdoam e aplaudem as agressivas intervenções
de Fulano. Os dragões perdoam e aplaudem as agressões de Beltrano...
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Nada
os retrai, desmotiva ou desanima. O que conta é a paixão, o amor
incondicional ao emblema. Como se fosse uma religião, uma jihad de fé
clubística.
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Foi sempre assim e nada nos leva a pensar que, no mundo do futebol, alguma vez a razão se sobreponha à paixão.
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Do que, convenhamos, pouco mal virá para o outro mundo, o real, aquele em que pulsa a vida de toda uma Sociedade.
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Já
é de maior preocupação esta moda alienante que vem emergindo de forma
assustadora, por força da retórica gratuita e da demagogia sem vergonha,
que faz dos cidadãos indefectíveis "adeptos" de partidos políticos em
nome de uma fé em que tudo se perdoa aos seus "jogadores", mesmo actos e
as medidas que os lesem enquanto destinatários duma apregoada
democracia adulta!
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Os
dois fenómenos têm diferenças abissais, nos seus valores e nos campos
onde se desenvolvem, mas é já notório que a paixão cega, a defesa a
qualquer preço dos grupos partidários a que cada um aderiu, relaxa ou
destrói o espírito crítico, em benefício duma parte política, mas em
prejuízo da democracia e de toda a Nação.
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Nesta, é perigoso apoiar e aplaudir tudo, em nome de uma fé cega. Não estamos num jogo de amor à camisola desportiva!
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Quando
a paixão partidária desce ao patamar da clubística, é da liberdade de
cada um de nós que estamos a abdicar e, pior, é comprometermos, de forma
leviana e irreflectida, um rumo para o País, que prime pela Verdade,
pela Justiça e pelo Progresso que almejamos para todos nós.
As
amarras emotivas e incondicionais a partidos não podem, em nome da
paixão, perdoar "rispidez", "agressões", mentiras e outros desmandos sem
carácter de qualquer político, seja qual for a sua camisola partidária,
para que se possa manter o respeito pelo Estado e por cada um de nós.
Para que nos sintamos pessoas livres e não autómatos de pensamento encarcerado!...
Pessoalmente,
nunca tive donos políticos, nem de qualquer outra espécie. Há muitos
anos que aprendi a lutar contra a marca "A Voz do Dono"! Não sou
inconstante, ou volúvel.... se houver quem mude, serão os autores das
circunstâncias que aplicam a teoria do que o que hoje é verdade, amanhã
já poderá ser mentira!
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Neste
tipo de, digamos, conjuntura, não colaborarei nunca e tudo farei para
acordar os que me rodeiam para não se deixarem embalar em cantos de
sereias!
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Lembrar sempre o velho pensamento douto e popular: não há pior cego, do que aquele que não quer ver.
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