sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

TEMOS PAIXÕES, E FÉS CEGAS






Para benfiquistas, sportinguistas e dragões, o seu clube de coração é, inquestionavelmente, sempre o maior, sejam quais forem os resultados desportivos ou o comportamento dos seus jogadores.
.
Os benfiquistas perdoam e aplaudem a rispidez de algumas entradas do atleta A. Os sportinguistas perdoam e aplaudem as agressivas intervenções de Fulano. Os dragões perdoam e aplaudem as agressões de Beltrano...
.
Nada os retrai, desmotiva ou desanima. O que conta é a paixão, o amor incondicional ao emblema. Como se fosse uma religião, uma jihad de fé clubística.
.
Foi sempre assim e nada nos leva a pensar que, no mundo do futebol, alguma vez a razão se sobreponha à paixão.
.
Do que, convenhamos, pouco mal virá para o outro mundo, o real, aquele em que pulsa a vida de toda uma Sociedade.
.
Já é de maior preocupação esta moda alienante que vem emergindo de forma assustadora, por força da retórica gratuita e da demagogia sem vergonha, que faz dos cidadãos indefectíveis "adeptos" de partidos políticos em nome de uma fé em que tudo se perdoa aos seus "jogadores", mesmo actos e as medidas que os lesem enquanto destinatários duma apregoada democracia adulta!
.
Os dois fenómenos têm diferenças abissais, nos seus valores e nos campos onde se desenvolvem, mas é já notório que a paixão cega, a defesa a qualquer preço dos grupos partidários a que cada um aderiu, relaxa ou destrói o espírito crítico, em benefício duma parte política, mas em prejuízo da democracia e de toda a Nação.
.
Nesta, é perigoso apoiar e aplaudir tudo, em nome de uma fé cega. Não estamos num jogo de amor à camisola desportiva!
.
Quando a paixão partidária desce ao patamar da clubística, é da liberdade de cada um de nós que estamos a abdicar e, pior, é comprometermos, de forma leviana e irreflectida, um rumo para o País, que prime pela Verdade, pela Justiça e pelo Progresso que almejamos para todos nós.
 
As amarras emotivas e incondicionais a partidos não podem, em nome da paixão, perdoar "rispidez", "agressões", mentiras e outros desmandos sem carácter de qualquer político, seja qual for a sua camisola partidária, para que se possa manter o respeito pelo Estado e por cada um de nós.
Para que nos sintamos pessoas livres e não autómatos de pensamento encarcerado!...
 
Pessoalmente, nunca tive donos políticos, nem de qualquer outra espécie. Há muitos anos que aprendi a lutar contra a marca "A Voz do Dono"! Não sou inconstante, ou volúvel.... se houver quem mude, serão os autores das circunstâncias que aplicam a teoria do que o que hoje é verdade, amanhã já poderá ser mentira!
.
Neste tipo de, digamos, conjuntura, não colaborarei nunca e tudo farei para acordar os que me rodeiam para não se deixarem embalar em cantos de sereias!
.
Lembrar sempre o velho pensamento douto e popular: não há pior cego, do que aquele que não quer ver.

Sem comentários:

Enviar um comentário

OS AMIGOS DE PENICHE

Peniche. Aqui já foi um vulcão “AMIGOS DE PENICHE” “Foi em 26 de Maio de 1589 – há exactamente 430 anos – que desemba...

VERBA VOLANT